quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Poderíamos.

Poderia ser num toque.
De mãos, de lábios.
Um toque de cumplicidade
Dos nossos corpos sábios.

Poderia ser num grito.
De desespero, de aflição.
Um grito do fundo
Da nossa alma sem perdão.

Poderia ser num olhar.
De denuncia, de entendimento.
Um olhar de céu
Do nosso carregado pensamento.

Poderia ser num gesto.
De suavidade, de violência.
Um gesto de lavado
Do nosso ego em evidência.

Poderia ser num toque,
Mas nunca me tocaste.
Poderia ser num grito,
Mas nunca me gritaste.
Poderia ser num olhar,
Mas nunca me olhaste.
Poderia ser num gesto,
Mas nunca me mimaste...

Poderíamos ser o que nunca fomos,
Sairmos do que somos:
Estes opostos gomos
Na mesma fruta que torna sem donos
Nossos corações que como fornos
Nos vão derretendo,
Queimando,
Até ficarmos cinza.

Um comentário:

Paulo disse...

Gostei bastante da maneira como pegaste nos poderíamos!
Só acho que repetir a parte do
"Mas nunca me tocaste" para 'toque' e para 'gesto' podia levar algum re-'toque' ou re-'gesto' ;)