quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Porque...

Porque existe alegria,
Dentro do coração,
E que desce sempre fria
Querendo um empurrão.

Porque existem momentos de sorte,
Que num piscar de olhos
Se transformam em morte
E põe do avesso o nosso norte.

Porque existem aquelas pessoas especiais,
Aquelas a quem nunca dizemos não,
A quem damos sempre mais
Do nosso terno coração.

Porque existem amigos do peito,
Que vibram connosco na loucura,
Que sempre que é preciso estão a jeito
E nem precisamos de estar há procura.

Porque existem olhares que substituem mil palavras,
Que nos deixam enternecidos
Ou que nos põe em alta as armas,
Matando os olhares que falam adormecidos.

Porque existem sonhos que se seguem,
E outros que morrem sem saírem,
Que se desvanecem
Sem nunca partirem.

Porque existe vontade,
Força para lutar,
Para alcançar a verdade
Por mais dura que seja, apenas para durar.

Porque existe esperança,
Aquela esperança cega
Que nos tira a força no meio da dança
E a verdade não nos nega.

Porque existem pessoas engraçadas
Que para rir basta sorrirem,
Pessoas desgraçadas
Que sem dentes não passam sem mentirem.

Porque existem amizades
Que valem todo o esforço,
Pois nas adversidades
Elas salvam nosso corpo.

Porque existem bons momentos,
Fulgorosos ou pacíficos,
Momentos sedentos,
Momentos terríficos.

Porque existem pessoas que são mais que tudo,
Que nos levam até onde nunca havíamos chegado,
Que nos deixam num fundo
Quando saem de nosso lado.

Porque existem sorrisos entre a tristeza
E em breves segundos saímos da vida,
Sorrisos de leveza
Que apagam a vida perdida.

Porque existem loucuras no meio do nada
Que num sopro surgem
E numa volta já larga
Nos sacodem a ferrugem.

Porque existem lembranças
Das boas e das más situações,
Dos velhos, das crianças,
E também dos bebés chorões.

Porque existe diversão
E nada mais importa,
Quando o barulho estremece o chão
É só fechar a porta.

Porque existe a doidice genial
E dum rabisco sai uma obra,
E pensando que é divinal
Ignora-se uma ou outra dobra.

Porque existem abraços inesquecíveis,
Suaves, apertados,
Toques imperdíveis
De impossíveis enamorados.

Por tudo isto e muito mais
Ficarei sempre atento,
Olhando o vento
Deste meu portentoso cais.

Um comentário:

Paulo disse...

De volta à idade dos porquês? Aliás agora é dos porques.

Gostei~ apesar de achar um pouco longo comparado com o que me habituei dos outros.

Fico à espera de mais.