terça-feira, 31 de julho de 2007

Rente. (A verdade.)

Rente ao mar
Vejo água,
As pedras,
Sinto-as, assim como o ar.

Rente ao campo
Vejo flores,
O pasto,
Sinto-os, assim como dos pássaros oiço o canto.

Rente à cidade
Vejo pessoas,
Prédios e lojas,
Mal os sinto, e esta é a verdade.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Voltaria.

Crianças correm travessas,
Sorrisos de felicidade,
Brincadeiras da idade,
Correr pode ser tão divertido,
Gargalhadas do fundo,
Com sentido...
Com tudo.

Desvanecem ao longe,
A calma paira no ar...
O vento já não foge,
As folhas já não mudam de lugar.
É o silêncio da natureza,
Da certeza de poder voar
Sem voar realmente,
Do pensamento dormente.

Voltaria lá se pudesse,
Voltaria mesmo,
O corpo cresce,
A alma acompanha-o a medo,
Crescemos tão cedo...

Não há um segundo descansado,
O tempo é sempre esperançado,
Leva a sua a melhor,
Não espera...
E o corpo pior,
Desesperado, vai morrendo...

A alma, essa irá regressar
Sempre que um sorriso genuíno
Seja ouvido,
Sempre que seja vista
uma brincadeira,
Sempre que a saudade da infância
Seja verdadeira.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

A vontade do beijo.

O amor é complicado,
Não amamos quem queremos:
Acontece...
Sem sabermos que perdemos,
Remamos tanta vez
Que a memória esquece,
E os olhos que já são três,
Emolduram algo roubado.

O que são sentimentos?
O que realmente é, o que não é...
E o mais ou menos?
Nada está rotulado,
Nada é direito, engomado,
Estou tão amachucado
Que não sei onde começo,
Onde acabo...

Queria apontar o dedo,
Dizer que o amor está ali,
Olhar e senti-lo,
Mas estou um pouco a fingi-lo,
Quanto mais tempo enganarei
Esta vontade que se desfez assim que te beijei?

Serei sempre esta criatura complexamente complicada.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Toque.

Gosto do toque:
Da festa,
Do beijo,
Do abraço,
Do som do toque, do som da voz...

Mas porque não pode qualquer um preencher-me assim?

Preciso urgentemente de um amasso,
Quero já um abraço!
Dá-me, aperta-me já!
Não vou esperar,
Vou explodir,
Está a vir,
Não me vou despir,
Estou a sucumbir.

Preciso de ajuda,
Quem põe minha voz muda?
Mandem-me para o fim do mundo,
Deixem-me GRITAR!
Deixem-me arder sozinho,
Arder no mar,
Arder em vinho,
Negro.

Silêncio...
Oiço-me respirar,
Quero mudar e não consigo,
Estou tão perdido...
Tão pouco vivido e tão sofrido...

Inevitável é o salgado de lavado,
Sai como pecado,
Desmaia pela força
E assim, que ninguém ouça:
"Sou eu e eu sofro mais do que vivo, choro mais do que grito, preciso-me mais do que a vida"

terça-feira, 24 de julho de 2007

Sou eu.

Falo em felicidade,
Em merecê-la...
O que penso é verdade:
Não se trata de merecê-la.
Se o destino está traçado
De que vale estar preocupado?
De que adianta tentar alcançar algo
Se não ser feliz pode ser o meu fado?

Nada está traçado?
Continuarei a não ser feliz.
Diletante é o meu nome,
Sonharei alto como um nobre,
Mas cada sonho de giz,
Cada fino fio de cobre,
Desaparecerá com o vento,
Cairá como um pobre.

Pobres dos que não sonham,
Miseráveis dos que sonham e não lutam,
Sortudos os que podem sonhar e lutar,
Os que querem vingar e apenas não sonham...
Diletante sou eu,
Sonho alto, caio do céu,
Sonho de novo, fico sem véu...

Diletante,
Consciente...
Não combina, mas assim sou...
Como, minha gente?
Se sei o que me mata
Por que não lhe corto a vontade?
Sou eu, desgraça...
Sou partido, sou metade,
Num só corpo de mentira...

Nunca mudarei esta vontade?
Serei sempre esta falsa verdade?
Onde me levará?
Onde me perderei?
Vingarei?
Será?
Só queria...
...psiu! (Já partiu!)