O raiar,
O falar sem parar,
O beber água,
A mágoa,
Um olho semi-cerrado,
Um velho sentado,
Uma gargalhada,
O nada,
Um laço,
Um traço,
Uma mala aberta,
Uma criança desperta,
Caramelos numa taça,
Uma praça,
O apertar de mão,
O tocar num corrimão,
O céu despido,
Um rapaz perdido,
Uma folha,
Uma garrafa sem rolha,
Metade de um fruto,
Uma senhora de luto,
Grades,
Frades,
Caminhadas longas,
Pedras soltas,
Barulhos,
Orgulhos,
O perder de vista,
O descobrir uma pista,
Olhar de lado,
Sorrir atravessado,
Abraçar fortemente,
A dor,
O pôr.
São objectos soltos,
Momentos em nada envoltos,
São olhares cruzados,
Toques desviados,
São visões em charcos secos,
Importâncias jogadas a becos
Que rolam debaixo de nós
Que rolam debaixo de nós
E de uma forma atroz
Saltamo-las sem pensar,
Ignorando tudo ao passar,
Embora possuindo beleza,
Olhamos com uma falsa destreza
O simples, que afirmamos despovoado:
Mas nada pode ser mais belo que um velho sentado.