segunda-feira, 26 de maio de 2008

Lágrimas doces

Os sorrisos efémeros
Das bocas sem dentes
São os que mais espero
Que sejam permanentes.
Só se vêm as lágrimas
Sem sal, pelas faces,
Que no meio das rugas, pálidas,
Encerram um naipe de ases.
São o fim de um jogo
Cheio de batotas,
Que num último desaforo
Perdem os cordões de suas botas.
Toda a vida
Lhes protegeram os pés de gelar
E ao fim de anos a acumular
Acabam por perdê-las e abrir a ferida.
Julgavam-na inexistente,
Mas agora, só com um olho aberto,
Olham-na de frente
Pois não há como negar o que é certo.
O final já não permite mentir
A quem já nem pode sorrir,
Só resta receber com a boca salgada
As lágrimas doces.

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse talento continua... =)

Paulo disse...

Muito bom. Também nós um dia chegaremos a essa idade x)

Abraço.

Anônimo disse...

obrigada. claro que os meus textos nao chegam aos teus! Os teus sao muito melhores. mas um dia eu vou conseguir... Adoro ler o que escreves...